Os Segredos da Mente Milionária
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PAI RICO E PAI POBRE
22 de março de 2023

O homem mais rico da Babilônia

Bansir fabricante de carruagem, seu melhor amigo Cóbi, que era músico, pararam um instante para conversar. Cóbi pediu dinheiro emprestado a Bansir, que disse ao amigo que não tinha dinheiro, nem para suprir suas necessidades. Em uma conversa, os dois passaram a se questionar, por que eram tão pobres quanto os escravos do rei. Bansir ressaltou que estava farto de lutar pra sobreviver. Foi então que Cóbi, lembrou que encontrou com um velho amigo, chamado Arcade, que é considerado o homem mais rico da Babilônia. Ele era tão rico, que o rei buscava seus conselhos, tão rico que tem uma gorda algibeira a seu dispor, e seu filho, Nomazir, se tornou o mais rico de Ninifi, a cidade vizinha.

Após muito analisar, Bansir e Cóbi, constataram que nunca encontraram ouro, pois nunca o procuraram e que nas coisas em que eles aplicaram esforços, obtiveram êxito.

Então, Cóbi chamou Bansir para que juntos fossem procurar Arcade, para pedir que ele os ensinasse como obter suas próprias riquezas.

No encontro com Arcade, ele disse para eles que: Eles não aprenderam e não observaram as leis que governam a acumulação da riqueza; disse também que o destino, é um deus cheio de malicia, que não assegura um bem duradouro a ninguém, pelo contrário. Ele traz ruína para quase todo homem sobre quem faz chover ouro não conquistado…

 

Então eles perguntaram, como Arcade juntou tantos bens? E ele disse que, ainda na juventude, percebeu que a riqueza é um poder, que pode tornar coisas possíveis, sempre trará de leite para os sentidos e gratificação para a alma. Não se daria por satisfeito com a pobreza. Decidiu que precisava de tempo e estudo. Resolveu investigar como alguém conseguia acumular riqueza. Arrumou emprego na sala de registros e trabalhou muitas horas por dia, semanas e meses, deu duro, sem que seus vencimentos fossem suficientes.

Um dia, Algamish, que emprestava dinheiro, pediu duas copias da nona lei e disse que se entregasse no prazo de dois dias, ele daria duas moedas de cobre. A lei era longa e ele não conseguiu entregar o serviço, o homem ficou uma fera, mesmo assim, Arcade perguntou a ele como poderia se tornar tão rico quanto ele, e disse que se ele respondesse, passaria a noite em claro para terminar o serviço. No outro dia, com o serviço pronto, ele retornou e Arcade pediu que cumprisse sua parte.

Então, ele disse que, quando a juventude busca conselho dos mais velhos, recebe a sabedoria dos anos. E contou que achou o caminho para a riqueza, quando decidiu guardar com ele, uma parte de tudo que ganhava. (Se quiser ser rico, tudo o que economizar deve ser utilizado no sentido de proporcionar toda a abundância que anseia). Você deve guardar um decimo de seus rendimentos para se pagar; a riqueza é como uma arvore, só precisa de uma semente, para crescer e criar raízes.

Algamish aconselhou Arcade a guardar um decimo de tudo o que recebia, para que pudesse começar sua riqueza e voltou após 1 ano, perguntou se ele estava seguindo seu conselho e Arcade disse que havia entregado seu dinheiro a um oleiro que viajava para todo lugar, para que ele fosse buscar joias para que os dois vendessem e assim conseguissem o dinheiro de volta, com algum lucro, mas Algamish não gostou disso e disse: quem recebe conselhos de pessoas inexperientes para cuidar de suas economias, pagará com essa economia, para provar a falsidade da opinião de outros. O oleiro foi enganado e Arcade perdeu todo seu dinheiro, entendendo que Algamish tinha razão, porém, continuou a guardar um decimo do que ganhava. E após mais um ano, Algamish voltou para perguntar sobre o dinheiro, e Arcade disse que deu seu dinheiro a um amigo para comprar cobre para fazer escudos, além de pagar pelo empréstimo, depois de vender seus escudos, uma parte dos lucros seria de Arcade.

Algamish perguntou: E o que faz com o dinheiro extra? Arcade respondeu que tinha dado uma festa e havia comprado uma túnica.

Algamish, então disse:  primeiro reúna um exército de escravos dourados, só então, festeje.

Allgamish voltou, após dois anos, Arcade notou que ele estava mais velho, com aparência cansada e Algamish disse: meus filhos só querem gastar meu ouro e se você tiver interesse em mudar para Nipur e cuidar de minhas propriedades e dos meus negócios, eu te coloco em meu testamento e te faço meu socio. Arcade aceitou e conseguiu aumentar muito os ganhos de Algamish e assim, quando ele morreu, Arcade recebeu sua parte da herança.

Quando um dos presentes disse que Arcade teve sorte pois recebeu uma herança, ele disse: a oportunidade, é uma deusa desdenhosa, que não perde tempo com os que não estão preparados. Pois, de nada adiantaria receber uma herança, sem ter aprendido a administrá-la, teria gastado tudo.

 

 

O rei da Babilônia percebeu que poucos moradores obtinham alguma riqueza, conversando com seu governador, quis uma ideia para tirar seu povo da miséria. Mas conversando, os dois não faziam ideia de como ensinar ao povo, foi então que lembraram de Arcade, que era considerado o homem mais rico da cidade e chamou Arcade ao palácio.

O rei pediu para Arcade ensinar ao povo como ganhar dinheiro, pois a cidade estava com poucos homens ricos e isso não o agradava. Arcade que sempre foi generoso, pediu 100 homens para passar 7 lições: Primeiro cada um deles teria que acumular sua própria riqueza, para assim, puder ensinar a outra pessoa.

1 – Faça seu dinheiro crescer. (Para cada 10 moedas, guarde 1 para si).

2 – Controle seus gastos. (um dos aprendizes perguntou, como pode um cidadão guardar 1 decimo se em geral o que ganha mal dá para seu sustento?) as despesas necessárias sempre crescerão para se igualhar ao que você ganha e não se deve confundir despesas com desejos, há limites para o que deseja, tenha certeza de controlar tudo, se não for essencial, cancele como despesa e não sinta remorso por isso, pois os desejos são com ervas daninhas em nossos pensamentos. Faça seu orçamento, para pagar suas despesas, para poder pagar seu lazer e seus desejos, mas não gaste mais que 9 moedas de 10 que receber.

3 – Multiplique seus ganhos. (a riqueza de um homem não deve ser medida pelas moedas que ele consegue juntar, mas sim nos lucros que essa soma pode produzir). – Um fazendeiro entregou 10 moedas de prata para um emprestador de dinheiro, para que ele fizesse render, até seu filho completar 20 anos. O homem concordou, dizendo que os juros seriam de 1 quarto, a cada 4 anos. O fazendeiro pediu que os juros fossem incorporados ao dinheiro principal e no final dos 20 anos, a soma tinha aumentado para 30 moedas e meia, como o filho não precisava do dinheiro, deixou com o emprestador e assim quando o filho tinha 50 anos, o fazendeiro já havia falecido e ele foi atras do dinheiro, recebeu um total de 167 moedas. Assim, em 50 anos as moedas multiplicaram cerca de 70%.

4 – Proteja seu tesouro contra a perda. (o princípio do capital aplicado é a segurança do capital) não se deixe enganar com a promessa de fazer fortuna rapidamente; antes de emprestar, certifique-se de saber se trata de um bom pagador e se terá lucro. Não confiem em seus próprios conhecimentos, confiem em quem tem experiencia no assunto. (invista onde pode reivindicá-lo sempre que precisar)

5 – Faça do lar um investimento lucrativo – (se um homem separar 9 partes dos seus ganhos para com elas viver, e se uma delas puder ser empregada em um investimento lucrativo, sem prejuízo do seu bem-estar, então seus tesouros crescerão rapidamente). Tenham seu próprio lar. Muitas bençãos recaem ao homem que tem seu próprio lar.

6 – Assegurem uma renda para o futuro. (cabe a todo homem assegurar uma renda para o futuro/para a velhice) um fazedor de sandálias, confiou ao emprestador de dinheiro, 2 moedas de prata, toda semana, durante 8 anos. No total ele tem 1.040 moedas, junto com o rendimento. Em 12 anos ele receberá 4 mil moedas, para assim estar seguro no futuro. Seja previdente quanto as necessidades de sua velhice e quanto a proteção de sua família.

7 – Aumente sua capacidade para ganhar. (quanto mais conhecimento buscamos, mais somos capazes de aumentar nossos ganhos). Cultivar suas próprias aptidões, estudar e respeitar a si mesmo. Quando você tem uma profissão, deve se aprimorar e buscar ser o melhor nessa profissão, para que assim, adquira capacidade para realizar seus desejos, mesmo que seja a riqueza.

Arcade contou que um jovem pediu um empréstimo e ele perguntou para que fim, ele disse que o que estava ganhando não supria mais suas necessidades e ele respondeu dizendo que ele seria um cliente de risco, já que não sobraria nada para poder pagar o empréstimo. O que ele precisava era de uma renda maior. E Arcade perguntou o que ele estava fazendo para aumentar seus ganhos, o jovem respondeu que pediu várias vezes por aumento, sem sucesso.

Arcade disse que o desejo é a condição para a realização. É como se deve acumular sua riqueza, primeiro pouco a pouco e assim, aumentará com o tempo. Desejar, já te motiva a buscar meios para realizar.

 

Arcade deu as seguintes realizações para seus aprendizes: o homem deve pagar suas dívidas com pontualidade; não adquirir nada que não tenha condições de saldar; cuidar da família de modo que essa possa pensar e falar bem dele; fazer o testamento, para que seja feita uma divisão honesta de seus bens; ter compaixão e ajudar os menos afortunados, na medida de suas condições e deve ter atenção para os que lhe querem bem.

 

Antigamente no templo do saber (prédio onde os conhecimentos do passado eram apresentados por voluntários e os assuntos eram de interesse popular, discutidos em reuniões abertas)

Na sala de Arcade, quase todos os dias, vários homens de idades diferentes e de profissões diferentes, se reuniam para discutir assuntos de interesse geral. Um dia, o assunto escolhido foi: a Deusa da boa sorte – um dos aprendizes sugeriu que discutissem se há alguma maneira de atrair a boa sorte?

Arcade disse que para alguns a sorte é um evento casual e outros acreditam que há uma deusa da boa sorte.

Ele sugeriu que primeiro ouvissem os que tinham achado ou tivesse recebido sem qualquer esforço de sua parte, tesouros valiosos. Todos ficaram calados. Então Arcade disse que esse tipo de sorte é muito raro mesmo.

Arcade então pediu que alguém falasse onde poderiam encontrar a sorte, um dos aprendizes, jovem, disse que ao falar de sorte, automaticamente lembra-se de mesas de jogos. Na discussão, eles riram, pois não havia ninguém ali que houvesse ganhado em uma mesa dessas. Arcade disse que há homens que tentam encontrar a sorte em uma mesa de jogo, onde apostam uma pequena quantidade de dinheiro para tentar ganhar uma quantidade maior, mas não sabem que o jogo sempre beneficia o dono da banca. Os jogadores não entendem que são quase nulas, suas chances de vencer.

– Mas e os casos em que homens conseguem quantias altas em uma noite? – um aprendiz perguntou. E Arcade retrucou, perguntando se o dinheiro conseguido daquela maneira, traz valor permanente àqueles que tem sorte?

Ninguém ali conhecia qualquer pessoa que tivesse ganhado nas mesas de jogo. Arcade não conhecia ninguém que havia triunfado/prosperado, a partir de uma fonte de renda como essa.

Arcade perguntou se alguém ali tinha ganhado uma grande quantia em uma mesa de jogo e todos ficaram em silencio, ele então disse que temia que todos estivessem procurando pela sorte, onde ela não costuma frequentar. E precisavam explorar outras opções, como seus negócios, que não era comum dizer que conseguiram fechar uma grande transação ou fazer um excelente negócio, devido a sorte. Mas sim, aos esforços que ali depositamos. Então, Arcade disse que estava inclinado a pensar que estivessem desprezando as dadivas da deusa da sorte, pois talvez ela realmente assista a todos, quando não apreciamos sua generosidade.

 

Parte 3

 

– Um idoso sugeriu que discutissem sobre os sucessos que escaparam deles, as situações que teriam sido mais lucrativas, se tivessem sido ótimos exemplos de sorte, se fossem concluídas. Arcade então, pediu que ele contasse sua história primeiro: Quando era jovem, meu pai insistiu que entrasse num investimento, para comprar terras estéreis fora da cidade, pois o filho do amigo dele, queria construir 3 rodas d’água, para levar água até lá e depois dividiria a terra em lotes e buscaria compradores. Para investir, seria um grupo de 12 pessoas, que contribuiriam com um decimo de seus rendimentos, até que as terras estivessem prontas e cada qual receberia os lucros conforme tivessem investido. Meu pai me aconselhou a procurar o filho do amigo dele e a me comprometer a dar 10% dos meus ganhos para o investimento. Pois a oportunidade não espera por ninguém, hoje está aqui e amanhã se vai. Não fui, pois quis gastar meu dinheiro em outras coisas e no fim, o empreendimento rendeu muito dinheiro aos investidores.

– Um homem estrangeiro disse que conhecia um procrastinador = a pessoa que sempre deixa para depois, as oportunidades que são boas para ele.

– Um comprador de animais contou uma história: Retornando para a cidade, após 10 dias fora buscando camelos, encontramos os portões fechados e eu fiquei muito irritado, encontrei um fazendeiro idoso que também estava lá fora. Ele quis me vender um rebanho de 900 ovelhas, pois sua esposa estava doente e ele precisava voltar depressa. Aceitei e esperaria a luz do dia para contar as cabeças, porém não quis pagar nada, enquanto não contasse. O fazendeiro estava oferecendo o rebanho por um preço muito baixo para poder ir embora, mas eu fui irredutível, não paguei nada até contar. No início da manhã, os portões abriram e vários compradores apareceram, pois a cidade estava ameaçada de sítio e não havia comida o suficiente. O fazendeiro conseguiu por seu rebanho, 3 vezes o preço que havia combinado comigo e foi assim que a sorte me escapou.

Arcade disse que a história era extraordinária, e podemos tirar lições dela. Nós humanos somos mutáveis, somos mais aptos a mudar de opinião quando estamos certos do que errados.

A sorte dá as costas ao procrastinador. Quando quiser evoluir, deve se desfazer do espírito procrastinador.

Para atrair a boa sorte, é preciso aproveitar as oportunidades.

O caminho para encontrar a sorte: a boa sorte pode ser atraída, desde que estejamos atentos as oportunidades, os homens de ação são favorecidos pela deusa da boa sorte.

 

– 5 leis de ouro

Um saco cheio de ouro ou uma tabuinha de argila cheia de palavras sábias. Qual escolheriam? Todos os 27 homens de Calabab, escolheram o ouro. Então ele decidiu contar uma história. Vou falar de Arcade. E todos já ouviram falar dele, pois foi o homem mais rico da Babilonia. Falarei dele, de acordo com as informações que, Namozir, seu filho, compartilhou comigo em Ninifi, quando eu era garoto.

É costume na Babilonia, que os filhos de pai rico, viva com seu pai para herdar sua fortuna, mas Arcade não concordava com esse costume, por isso quando Nomazir atingiu a maioridade, ele o chamou e disse: meu filho, é meu desejo que herde todos os meus bens, entretanto, quero que me prove que é capaz de administrá-los adequadamente, por isso quero que saia pelo mundo e me mostre sua competência para ganhar dinheiro e tornar-se respeitado entre nosso povo.

Para começar, darei duas coisas a você, o que não tive quando comecei, primeiro é esse saco de moedas de ouro, se você usá-lo com discernimento, ele constituirá a base para seu sucesso, segundo, essa tabuinha de argila, onde estão gravadas as 5 leis de ouro, se conseguir transportar o espirito delas para seus atos, elas lhe trarão competência e segurança. Daqui a 10 anos, volte a casa de seu pai, dê-me conta de tudo o que fez e se eu achar que se mostrou valoroso, e me apresentar provas disso, eu o farei herdeiro de todos os meus bens. Por outro lado, eu comunicarei tudo isso aos sacerdotes, para que eles possam trocar por minha alma, a generosa consideração dos deuses.

Quando Nomazir voltou para a casa de Arcade, este lhe recebeu com uma grande festa. Ao que todos sentaram para ouvir Nomazir fazer sua prestação de contas, assim, ele disse: pai, devo me curvar a sua sabedoria, pois me fez sair ao mundo para me tornar homem, com um saco de ouro e me concebeu sua sabedoria, quanto ao ouro, confesso que não o usei com sabedoria, fui para Ninifi, cidade prospera, juntei-me a uma caravana e lá fiz muitos amigos, nela também havia dois homens falantes que tinham um cavalo branco muito rápido, me disseram que em Ninifi, tinha um homem muito rico, que possuía um cavalo tão veloz que nunca foi derrotado e não acreditava que existisse cavalo capaz de derrotá-lo, por isso estava disposto a pagar uma grande quantia, em como seu cavalo venceria qualquer outro em toda Babilonia. Eles me chamaram para participar da aposta, pois de acordo com eles, comparado ao cavalo deles, o cavalo do homem não passava de um pangaré, eu estava empolgado, mas acontece que nosso cavalo tomou uma surra tão vergonhosa e perdi grande parte do ouro. Mais tarde, descobri que tudo não passava de um plano fraudulento desses crápulas, que faziam isso frequentemente, buscando suas vítimas nas caravanas e o homem de Ninifi, era aliado deles, que dívida entre os 3 todos os lucros das apostas. Com este golpe, aprendi a ser mais cuidadoso. Na caravana havia outro jovem, com quem estreitei laços de amizade, ele era filho de pais ricos e viajava em busca de uma posição conveniente. Quando chegamos a cidade, me contou que um comerciante havia morrido, deixando uma loja repleta de ricas mercadorias e uma clientela de primeira qualidade, que poderiam ser adquiridas por um preço insignificante, dizendo que seriamos sócios em partes iguais, mas que antes, precisava voltar a Babilônia, para investir seu dinheiro. Convenceu-me a comprar a loja com meu ouro e que mais tarde, ele usaria seu ouro para levar a diante nosso empreendimento. Ele adiou o quanto pode sua vagem a Babilônia, provando ser um comprador burro e um gastador insensato, por fim mandei-o embora, mas o negócio já se deteriorava, ninguém queria as mercadorias que tínhamos e eu já não tinha ouro para comprar outras novas, passei o negócio a diante, por um preço desprezível, procurei emprego, mas não tinha profissão, nem treinamento que me capacitasse a ganhar meu dinheiro. Vendi quase tudo o que tinha, para poder comer e ter um lugar para dormir, a escassez estava cada dia mais assustadora e nesses dias, lembrei da confiança que depositou em mim, o senhor insistiu comigo, para que me tornasse um homem e eu não queria desapontá-lo. Foi então, que me lembrei da tabuinha com as leis de ouro que me deu, li com cuidado e percebei que se ao menos tivesse buscado primeiro a sabedoria, meu ouro não teria ido embora. Decorei cada uma das leis e determinei, que se a deusa da boa fortuna, sorrisse mais uma vez para mim, eu me deixaria guiar pela sabedoria do mais velho, invés de confiar na inexperiência da juventude.

Para proveito de todos, lerei as sabias palavras de meu pai:

  1. O OURO VEM DE BOM GRADO E EM QUANTIDADES CRESCENTES, para todo homem que separa um decimo de seus ganhos, a fim de criar um fundo para seu futuro e de sua família.
  2. O OURO TRABALHA DILIGENTE E SATISFATORIAMENTE, para o homem prudente, que possuindo-o, encontra para ele, um emprego lucrativo, multiplicando-o como flocos de algodão no campo.
  3. O OURO BUSCA A PROTEÇÃO DO PROPRIETÁRIO CAUTELOSO, que o investe de acordo com os conselhos de homens mais experientes em manuseá-lo.
  4. O OURO FOGE, do homem que o investe em negócios ou propósitos que não está familiarizado ou que não contam com a aprovação daqueles que sabem poupá-lo.
  5. O OURO ESCAPA AO HOMEM QUE O FORÇA A GANHOS IMPOSSÍVEIS ou que dá ouvidos a conselhos enganosos de trapaceiros e fraudadores, ou que confia em sua própria inexperiência e desejos românticos na hora de investi-lo.

Minha escassez chegou ao fim, quando consegui emprego como chefe de escravos, que trabalhavam na muralha externa da cidade, aplicando a primeira lei de ouro, economizei 1 moeda de ouro de meu primeiro salário e acrescentei, sempre que possível, 1 moeda de prata. Era um processo leto, pois tive gastos pessoais, gastava de má vontade, admito, porque estava determinado a ganhar antes de 10 anos, muito mais dinheiro do que o ouro que meu pai me deu. Fiz amizade com um chefe de escravos, um dia ele me perguntou se estava guardando dinheiro, pois via que eu era econômico. Respondi que sim, pois desejava guardar dinheiro e repor o que meu pai me deu, mas que perdi. Ele então me disse que o dinheiro que eu estava economizando poderia trabalhar para mim e me fazer ganhar muito mais. Eu respondi: – Ai de mim, tive uma experiencia amarga, pois todo ouro de meu pai, escorreu como água. Disse que tinha medo do meu também ir pelo mesmo caminho. Então, ele me disse que se eu confiasse nele, me ensinaria a lidar de modo lucrativo com meu dinheiro, explicou que em um ano, a muralha externa estaria terminada e estaria pronta para receber os portões de bronze. Em toda Ninifi não há metal suficiente para fazer todos os portões e o rei ainda não pensou em providenciar. O plano era: juntar-se em grupo para unir o dinheiro de todos, organizar uma caravana até as minas de cobre e estanho, trazer quantidades enormes para a cidade e quando o rei ordenar a fabricação dos portões, nós, sozinhos, poderemos oferecer o metal a um preço que o rei não poderá se recusar a pagar. E se ele não quiser comprar diretamente de nós, mesmo assim, ainda teremos o metal que poderá ser vendido á um preço mais alto. Foi assim que apliquei a 3ª lei, sob a orientação de um homem mais sábio, nosso grupo foi bem-sucedido e meu pequeno deposito de ouro cresceu bastante com essa transação. Com o tempo, fui aceito como membro deste grupo, em ouros empreendimentos, eles eram homens de prática para os negócios, discutiam minuciosamente todos os planos antes de se lançarem a qualquer empresa, protegiam-se contra todas as eventualidades e não se metiam em nada em que o dinheiro investido, não pudesse ser recuperado. Através desta sociedade, aprendi a investir com segurança e a garantir o retorno lucrativo do meu dinheiro. À medida que os anos passavam, meu tesouro crescia rapidamente, já tinha conseguido juntar muito além do que perdi, devido aos meus infortúnios, tentativas e êxitos. Pude, repetidas vezes, provar a sabedoria das 5 leis de ouro e ver em cada um desses momentos, com estavam certas.

Para quem não conhece essas leis, o dinheiro não aparece com frequência, e quando aparece, vai rapidamente embora, já para quem não hesita em utilizá-las, o dinheiro aparece e trabalha para eles como um escravo.

Nomazir parou de falar e acenou para um escravo no fundo da sala, que levou até ele, 3 sacos pesados de ouro. Ele pegou 1 saco e pôs diante de seu pai, Arcade e disse: – há dez anos, o senhor me deu um saco de ouro. Ouro da babilônia. Pois, aí está como devolução, um saco com moedas de ouro de Ninifi, de igual peso. O senhor também me deu uma tabuinha com palavras sábias, em troca, lhe trouxe mais dois sacos de ouro. Penso em provar com isso, que considero sua sabedoria muito mais valiosa que seu ouro. Mas ainda assim, quem poderia por valor na sabedoria? Sem sabedoria, o ouro pode ser rapidamente perdido, mas com sabedoria, o ouro pode ser adquirido pelos que não o tem.  Além disso, me sinto satisfeito de estar diante de ti e provar que sua sabedoria foi capaz de tornar-me rico e respeitado entre os homens.

Arcade pôs a mão sobre a cabeça de seu filho e disse: – me sinto feliz em ter um filho a quem possa confiar minha riqueza.

Calabab terminou a história e perguntou: que sentido tem para vocês a história de Nomazir? Quem entre vocês pode estar diante do pai ou do sogro para prestar contas de uma boa administração de seus ganhos?

Por ter aprendido e ter empregado bem as 5 leis de ouro, hoje sou um rico comerciante. Não sou rico devido a um passe de mágica, a riqueza que chega muito rápido, vai embora da mesma maneira, a riqueza que traz satisfação a seu proprietário, constrói-se gradualmente, porque é uma criança nascida do conhecimento e da persistência.

 

 

O  EMPRESTADOR DE DINHEIRO

Rodan, um fabricante de lanças, recebeu 50 moedas de ouro, como um presente do rei e foi buscar conselhos com Maton, um emprestador de dinheiro. A irmã de Rodan, queria que desse o dinheiro para seu marido, para que ele se tornasse um rico comerciante, ele pagaria o empréstimo a Rodan, com os lucros que tivesse. Então Maton disse que o ouro traz responsabilidade e uma nova maneira de agir com seus companheiros, traz medo de perdê-lo e até de ser enganado, traz sensação de poder e disponibilidade de praticar o bem, pode ainda fazer com que suas melhores intenções, lhe arranjem belas dificuldades. Perguntou a Rodan, se ele já havia ouvido falar do fazendeiro de Ninifi, que podia entender a linguagem dos animais e Rodan disse que não, então Maton lhe contou a história: O fazendeiro podia entender as conversas que os animais tinham entre si, numa noite, ele ouviu o cavalo queixar-se ao asno, dos rigores de sua sorte. O cavalo disse: – Trabalho puxando o arado de manhã até a noite, por mais quente que estivesse o dia, por mais cansadas que estejam minhas pernas, por mais que o laço esfole meu pescoço, sou obrigado a dar conta do recado. Já você, é uma criatura que tem suas horas de descanso, você é forrado cm mantas coloridas e não carrega mais nosso amo por aí. Quando ele não sai, você fica descansado, comendo a grama verde todo o dia. O asno respondeu: – Meu bom amigo, você realmente trabalha muito pesado, gostara de ajudá-lo, por isso vou dizer o que fazer para ter um dia de descanso. Pela manhã, quando o escravo vier para te amarrar ao arado, deite-se no chão e solte os maiores gemidos que puder, para que ele diga que você está doente.

Assim fez o cavalo e quando o escravo disse ao fazendeiro que o cavalo estava doente, ele mandou pôr o asno para fazer o serviço. Durante o dia, o asno que só queria ajudar seu companheiro, se sentiu compelido a dar conta da tarefa e a noite, depois de desamarrado, seu coração estava amargo, as pernas em frangalhos e o pescoço todo esfolado. O fazendeiro foi para o quintal para ouvir a conversa. O cavalo disse: – Você é um bom amigo, devido ao seu sábio conselho, pude descansar o dia todo. E o asno respondeu: – Enquanto eu, sou como toda gente de bom coração, que começa a ajudar um amigo e acaba sendo obrigado a fazer as tarefas dele, a partir de agora, deve puxar o arado, pois ouvi o amo ordenar ao escravo, que te leve para o açougue se continuar doente. O cavalo disse: Tomara que ele faça mesmo, pois você é um companheiro preguiçoso. A partir de então, não se falaram mais.

Maton perguntou: – Sabe a moral da história, Rodan? – Não. – Ele respondeu.

– É simples. – disse Maton. – Se deseja ajudar um amigo, faça-o de maneira que os fardos dele não sejam colocados sobre seus ombros.

– Não quero assumir os fardos de meu cunhado. – Rodan disse. – Mas há uma coisa, você empresta dinheiro a muita gente, eles não o pagam?

– Que emprestador teria êxito se quem pega dinheiro não pudesse pagar? – perguntou Maton. – O emprestador deve ser sensato e considerar cuidadosamente se seu ouro terá um desempenho proveitoso para o credor e se voltara em maior quantidade para ele, ou se será devastado por uma pessoa que não sabe fazer o uso consciente do dinheiro, deixando-o sem seu tesouro e obrigando aquele que fez o empréstimo a um débito que não pode pagar.

Maton disse que mostraria sua caixa de objetos penhorados e contaria algumas histórias a Rodan. – Exijo de cada pessoa a quem empresto dinheiro, um penhor que fica guardado nesta caixa, até que a dívida seja paga. Quando pagam, devolvo e se nunca o fazem, fico com o penhor, como uma recordação daquele que não foi digno de minha confiança. Os empréstimos mais seguros, de acordo com as experiencias que tive, com minha caixa de penhores, são para aqueles, cujos bens têm mais valor do que o empréstimo que desejam.

Quando abriu a caixa, Maton tirou uma echarpe cor de bronze que estava sobre um pano vermelho e disse: – Isto ficará para sempre em minha caixa, porque o dono morreu. Ele foi um bom amigo, até que voltando de uma viagem, trouxe uma mulher para casar-se, ela era encantadora, ele gastou todo seu dinheiro para satisfazer os desejos dela, veio até mim em desespero, quando a situação já estava deplorável, discutimos o assunto, eu disse que o ajudaria a retomar seus negócios e ele jurou que estava disposto a fazê-lo. Mas não era o que estava escrito, numa briga, ela enfiou-lhe uma faca no peito e depois atirou-se nas águas do Eufrates. – Isso mostra Rodan, que os seres humanos, quando estão sob ações de grandes emoções, são um grande risco para os emprestadores.

Quando tirou um grande anel de osso de boi, Maton disse: – Isto é diferente, pertence a um fazendeiro, compro os tapetes de sua mulher, os gafanhotos arrasaram com a plantação e eles ficaram sem comida, ajudei o fazendeiro e quando houve a nova colheita, ele me pagou, mais tarde ele voltou e me falou de estranhas cabras, numa terra distante, com os pelos finos e macios, que dele se podia fazer tapetes mais belos que quaisquer outro já visto na babilônia, ele queria trazer um rebanho, mas não tinha dinheiro. Assim, emprestei dinheiro para a viagem e para comprar as cabras, agora sua criação já começou e no próximo ano, surpreenderei os nobres da babilônia, com os mais caros tapetes que o dinheiro pode comprar, em breve devolverei seu anel. Ele insiste em me pagar imediatamente.

Alguns clientes fazem isso? – perguntou Rodan.

– Se pedem dinheiro para propósitos que trarão o dinheiro de volta, sim. Mas quando pedem por causa de sua imprudência, melhor ter cuidado, pois você pode acabar ficando sem o seu dinheiro.

– Fale-me sobre isto. – pediu Rodan.

Maton tirou da caixa um bracelete de couro, incrustado com joias desenhadas: – A dona deste penhor é tagarela e quase me leva a loucura, houve um tempo que ela e o marido tinham dinheiro e eram bons clientes, mas as coisas começaram a dar errado para eles, ela tem um filho e gostaria de torna-lo um comerciante, por isso me procurou e me pediu dinheiro para que o filho pudesse entrar como socio do líder de uma caravana que viajava com seus camelos, negociando em uma cidade o que compravam em outra, esse homem revelou-se um tratante, pois deixou o pobre rapaz, perdido em uma cidade longínqua, sem dinheiro e nem amigos, dando o fora enquanto ele dormia. Talvez ele me pague quando for adulto, mas até lá, não tenho rendimento algum sobre o empréstimo. Tentei com habilidade, dissuadi-la, pois sabia dos riscos que esse jovem e inexperiente estava correndo, mas como ela ofereceu um penhor, não pude recusar.

Maton tirou da caixa, um pedaço de cordão de embrulho, amarrado num nó: – Isto pertence á Nebatur, o negociante de camelos, quando ele compra um rebanho cujo valor ultrapassa suas reservas, ele me traz este nó e eu lhe empresto de acordo com suas necessidades. É um sábio negociante, tenho confiança em seu bom tirocínio e posso emprestar-lhe livremente. Muitos outros negociantes da Babilônia, gozam de credibilidade junto a mim, por causa do comportamento correto que costumam ter, seus penhores entram e saem, frequentemente da minha caixa.

Maton pegou um besouro feito de turquesa e o jogou no chão. – Um escaravelho do Egito. O dono dele não está preocupado com que eu receba de volta meu dinheiro, quando eu o cobro, ele responde: – Como posso pagar se o destino me persegue, você já tem muito, o que posso fazer? – O penhor pertence a seu pai, um homem de valor, de parcos recursos, que teve que penhorar terras e gado, para bancar os empreendimentos do filho, o jovem conseguiu algum sucesso no início e logo ficou empolgado com a perspectiva de obter uma grande fortuna, era imaturo e suas empresas foram a bancarrota, a juventude é ambiciosa e gostaria de encontrar atalhos para a riqueza e as boas coisas que essa propicia, para conseguir ficar rapidamente rico o jovem é capaz de fazer empréstimos insensatos, como ainda não reuniu um bom número de experiências, não percebe que uma dívida desesperada é como um poço profundo aonde se pode descer muito depressa e ali ficar por muitos dias lutando em vão para sair, é o poço de lamentações e remorsos aonde não chega a luz do sol e a noite não traz um sono reparador. Mas não costumo tirar a força daqueles que pedem dinheiro emprestado, encorajo-os na verdade, recomendo sempre, desde que seja para um bom proposito. Eu mesmo fiz meu primeiro negócio bem-sucedido, com dinheiro emprestado, todavia, o que pode fazer o emprestador de dinheiro em negócios como esse?

O jovem se acha em desespero, não consegue fazer nada, está desanimado, não tenta o menor esforço para saldar seu débito, meu coração luta contra a ideia de privar o pai de sua terra e de seu gado.

 

Rodan perguntou novamente, se deveria emprestar seu dinheiro para o marido da irmã.

Maton respondeu que interrogaria ele quanto ao uso que pretendia dar ao dinheiro, se ele respondesse que queria ser um comerciante, lhe perguntaria qual o conhecimento no ramo, se sabe onde comprar a preços mais baixos, se sabe onde vender a preços vantajosos. – Ele pode dizer sim a todas essas perguntas?

– Não, não pode. – Disse Rodan. – Ele já me ajudou na fabricação das lanças e nas lojas.

Maton respondeu: – Então eu diria que seus propósitos não são sensatos. Os comerciantes devem aprender o seu ofício, por mais valiosa que fosse, sua ambição não teria chance de sucesso e não lhe emprestaria dinheiro algum. Mas vamos supor que ele disse sim, já ajudei muitos comerciantes, sei como viajar á Esmirna e ali comprar a preços baixos os tapetes tecidos pelas donas de casa, conheço igualmente, homens ricos na Babilônia, dispostos a pagar bem por eles. Então eu diria: – Seu propósito é sensato e sua ambição é louvável, ficarei feliz em emprestar as 50 moedas de ouro, se você me der uma garantia equivalente ao valor do débito. Digamos que ele contra-atacasse: – Não tenho outra garantia se não minha condição de homem honesto e a palavra de que lhe pagarei bem pelo empréstimo. – Eu seria obrigado a ponderar, tenho em alta conta, cada moeda de ouro, se os salteadores levarem embora quando você estiver em Esmirna, ou seus tapetes quando estiver voltando, você não terá qualquer possibilidade de me reembolsar e meu ouro terá ido embora.

Em nosso desejo de ser útil, podemos acabar carregando o fardo de outra pessoa.

Respondendo sua pergunta, Maton disse: – Aquilo que você ganha com seu trabalho e aquilo que ganha como recompensa, pertence a você e ninguém tem o direito de compartilha-os, a menos que você mesmo tenha essa intenção, se quiser emprestar seu dinheiro para aumentar sua fortuna, faça-o com cautela e diversificando os clientes, não gosto de dinheiro parado, mas menos ainda de dinheiro mau emprestado. Vá até sua irmã e diga: – Trabalhei todos os dias, durante três anos, da manhã à noite, recusando a mim mesmo meus desejos, minhas economias, em cada ano, não passam de uma moeda de ouro, eu gostaria que seu marido encontrasse algo que lhe trouxesse grande prosperidade, se ele submeter a mim, um projeto que pareça sensato e cabível ao meu amigo Maton, então lhe emprestarei de bom grado, minhas economias de um ano inteiro para que ele tenha condições de provar que pode ser bem-sucedido.

Faça isso e se ele tiver dentro de si a alma dos exitosos nos negócios, não encontrara dificuldade em prová-lo, se falhar, ficara devendo a você uma quantia que poderá pagar-lhe em pouco tempo.

Antes de ir embora, Maton pediu que Rodan lesse o que estava escrito na tampa de sua caixa de penhores: É melhor uma pequena cautela do que um grande remorso.

O NEGOCIANTE DE CAMELOS

Tarcade, filho de Azure, estava com fome há dois dias, zanzando pela cidade e viu dabazir, para quem deve duas moedas de cobre e uma de prata, há um mês.

Quando Dabazir lhe cobrou, Tarcade murmurou suas desculpas e pediu mais tempo. E disse que o azar o perseguia, Dabazir respondeu: o azar persegue todo aquele homem que pensa mais em pedir emprestado do que pagar. Não responsabilize os deuses, por sua fraqueza, vem me fazer companhia rapaz, enquanto almoço, pois estou com fome e quero contar uma história.

Dabazir pediu muitas coisas para comer, mas para Tarcade, pediu apenas um copo d’água. E quando anunciou que contaria uma história, alguns curiosos foram se aproximando da mesa dos dois:

– Ouvi de um viajante, recém-chegado de Urfa, informações sobre um homem muito rico, que tem uma peça de pedra cortada tão fina que se pode ver através dela, ele a colocou na janela de sua casa, para barrar a chuva. Segundo o viajante, é amarela, e quando ele olhou através dela, todo mundo do outro lado, pareceu estranho e diferente da realidade. Acha que o mundo pode parecer de uma cor diferente da que normalmente possui?

Tarcade estava mais interessado na comida da mesa, do que na história, mesmo assim respondeu: – ouso dizer que sim.

– Vou contar uma história, que exemplifica, como voltei a enxergar o mundo com a cor correta, depois de tê-lo visto com a cor diferente:

– Essa história tem a ver com o início de minha vida e como me tornei negociante de camelos. Alguém aqui, sabia que já fui escravo na Síria? – todos ficaram chocados e ele prosseguiu satisfeito. – Quando era jovem, aprendi a fazer sandálias que era o oficio de meu pai, trabalhei em sua loja e casei-me, tendo habilidades que não eram totalmente desenvolvidas. Ganhava pouco, o bastante apenas para sustentar minha excelente esposa, numa vida modesta.

Eu ansiava por boas coisas, que não tinha condições de ter, logo descobri que os donos das lojas tinham confiança em mim, se eu quisesse comprar fiado. Jovem e sem experiencia, não sabia que aquele que gasta mais do que ganha, está semeando os ventos da autoindulgência, naturalmente desnecessária, de onde colherá turbilhões de problemas e humilhações.

Assim, comprei roupas finas e coisas luxuosas para minha esposa, tudo muito além de nossas posses. Paguei como pude, e no início não tive grandes contrariedades, com o tempo, descobri que não podia usar meus ganhos para viver e ao mesmo tempo pagar minhas dividas.

Os credores começaram a me procurar para que eu saudasse minhas compras extravagantes e minha vida tornou-se miserável. Pedi emprestado aos amigos, mas tão pouco podia pagar-lhes, as coisas iam de mal a pior, minha esposa voltou para a casa do pai, enquanto decidi deixar Babilônia e ir buscar outra cidade onde um jovem podia encontrar melhores chances. Durante dois anos, levei uma vida sem descanso e sem êxito, trabalhando para donos de caravanas, daí vi-me associado a um grupo de salteadores que percorriam o deserto em busca de caravanas desarmadas, essas ações não eram dignas do filho de meu pai, mas eu estava vendo o mundo através de um vidro colorido e não me dava conta da degradação a que tinha chegado.

Tivemos sucesso em nossa primeira viagem, capturando um rico carregamento de ouro, seda e outros objetos valiosos, levei o saque para Dinir e esbanjei tudo, não tivemos tanta sorte da segunda vez, assim que espoliamos o segundo grupo, fomos atacados pelos lanceiros liderados por um chefe nativo, que recebia dinheiro para dar proteção as caravanas. Nossos dois líderes foram mortos e o restante de nós foi levado para Damasco, onde fomos despojados de nossas roupas e vendidos como escravos. Fui comprado por duas moedas de prata, por um chefe sírio do deserto, com os cabelos tosquiados e uma simples tanga para usar, não era assim tão diferente dos outros escravos, sendo um jovem imprudente, achava tudo isso uma mera aventura.

Até que um dia, meu amo me levou até a presença de suas quatro esposas e disse-lhes que elas podiam, se quisessem, fazer de mim o eunuco. Somente então, percebi como minha situação era realmente desesperadora. Esses homens do deserto, eram ferozes e acostumados ao combate, eu estava sujeito a vontade deles, sem armas, nem meios de escapar. Fiquei apavorado quando as quatro mulheres começaram a me examinar, perguntava a mim mesmo, se poderia esperar piedade por parte delas.

Sira, a primeira esposa, era a mais velha das quatro, seu rosto não se mexia quando punha os olhos em mim, desviava-me dela, meio descrente da minha sorte. A segunda esposa, era uma desdenhosa beleza, que me fitava com indiferença, como se eu fosse um verme da terra. As duas mais jovens, viviam rindo, como se tudo aquilo não passasse de uma excitante brincadeira. A expectativa pareceu durar um século, cada uma das mulheres, dava a impressão de estar esperando pelas outras, para decidir. Finalmente, Sira manifestou-se, dizendo friamente: – Temos eunucos demais, mas poucos e incompetentes guardadores de camelos, ainda não fui visitar minha mãe que se acha doente, porque não confio em nenhum de nossos escravos para conduzir meu camelo. Pergunte a esse outro se ele sabe conduzir um camelo?

Meu amo me perguntou se eu sabia lidar com camelos, e eu respondi: – Posso fazer com que se ajoelhem, posso pôr as cargas, posso levá-los por longas viagens sem se cansarem, se for necessário, posso consertar os arreios. Meu amo viu que eu sabia mais que o necessário e perguntou a Sira se ela me queria para cuidar de seu camelo.

Assim, fiquei sobre as ordens diretas de Sira, naquele dia, conduzi seu camelo por uma longa viagem de visita a sua mãe doente, tive a oportunidade de pedir que intercedesse por mim, junto a meu amo. Contei-lhe que não era escravo de nascença, mas filho de um homem livre, um honrado fazedor de sandálias da Babilônia, contei-lhe muitas coisas sobre minha vida, seus comentários me deixaram desconcertado e me fizeram refletir muito sobre o que ela me disse: – Como pode chamar a si mesmo de homem livre? Quando sua própria fraqueza o trouxe a condição em que se acha? Se um homem tem dentro de si a alma de um escravo, então é exatamente nisso que se transforma? Se um homem tem dentro dele a alma de um cidadão livre, não se tornara respeitado e honrado em sua própria cidade, a despeito de seu infortúnio?

Por mais de um ano, vivi como escravo, mas não podia me sentir como um. Um dia, Sira me perguntou porque eu ficava sozinho em minha tenda, quando os demais escravos aproveitavam a folga se divertindo uns com os outros. Eu respondi que refletia sobre o que ela me disse e que não acreditava que tinha a alma de um escravo e não podia me juntar a eles, por isso me mantinha a parte.

Então ela disse: – Também me mantenho a parte, meu dote era valioso, o senhor se casou comigo por causa disso, mas ele não me deseja, tudo quanto uma mulher almeja é ser desejada, devido a isso e o fato de ser estéril e não poder ter filhos, devo manter-me a parte, se fosse homem, preferiria morrer, a me tornar escravo, mas as convenções de nossa tribo, reservam as mulheres para o papel de escravas.

– O que acha de mim agora? Tenho a alma de um homem ou de um escravo? – perguntei. E ela retrucou: – Tem vontade de saudar as dívidas que fez na Babilônia?

– Sim, tenho vontade. Mas não vejo como. – Respondi.

– Se deixar que os anos passem sem qualquer esforço para pagar, então você tem a desprezível alma de um escravo. O mesmo pode ser dito do homem que não respeita a si mesmo e ninguém pode respeitar a si mesmo se não paga honestamente suas dívidas.

– Mas o que posso fazer se sou um escravo da Síria? – perguntei.

– Permaneça como escravo na Síria, seu fraco. – Ela retrucou.

– Não sou um fraco. – Neguei vivamente.

– Então prove. – Ela instigou.

– Como? – perguntei.

– Seu grande rei, não combate os inimigos de todas as maneiras que pode e com todas as forças que dispõe? Suas dívidas são seus inimigos, elas correram com você da Babilônia, você abandonou-as e elas cresceram num nível sufocante pra você, se estivesse enfrentado como um homem, teria dado conta do recado e se veria admitido entre os concidadãos. Mas não teve coragem de combatê-las e seu amor próprio minguou tanto, eu agora você não passa de um escravo na Síria.

Quanto mais pensava em suas duras acusações, mais elaborava frases defensivas para provar para mim mesmo que não era intimamente um escravo, mas não tive tempo de usa-las, três dias depois, a criada de Sira, veio me procurar em seu nome. Sua mãe estava muito doente, novamente, era para selar os dois melhores camelos do rebanho e providenciar tudo para uma longa viagem. Fiquei impressionado com a quantidade de mantimentos que a criada disponibilizou para a viagem, pois a mãe de Sira morava a menos de um dia dali. Quando chegamos a casa materna, Sira me perguntou: – Dabazir, você tem a alma de um homem livre, ou de um escravo?

– A alma de um homem livre. – Insisti.

– Então chegou sua chance de prova-lo, nosso dono está desmaiado de tanta bebida e seus chefes não fizeram por menos, pegue esses camelos e fuja, nessa bolsa, ha roupas de seu amo, com que poderá disfarçar-se, direi que roubou os camelos e fugiu, enquanto eu visitava minha mãe doente.

– Você tem a alma de uma rainha. – disse-lhe. – Como gostaria de conduzir-lhe a felicidade.

– A felicidade não se acha a espera da esposa fugida numa terra distante, entre gente estranha, mas vá e possam os deuses do deserto protegê-lo, pois o caminho é longo e escassos os suprimentos.

Não conhecia a região, mas tinha uma vaga lembrança de onde ficava a Babilônia, viajei durante toda a noite e todo o dia, pois estava com medo do destino que tem os escravos que roubam seus amos e ou tentavam escapar. Na tardezinha, cheguei a um pequeno povoado, tão desabitado quanto o deserto, as pedras afiadas feriam os pés dos meus leais camelos, que logo começaram a andar com lentidão, estavam sofrendo muito. Não encontrei pelo caminho, nenhum homem ou animal, e pude compreender por que evitavam aquela terra inóspita, era uma dessas viagens de onde poucos homens conseguiam sair vivos para contar.

Arrastávamos dia após dia, os suprimentos esgotavam, o calor do sol estava insuportável, no final do nono dia, escorreguei do dorso de meu camelo, me sentindo fraco demais para montar e de que morreria perdido naquela região. Me estiquei no chão e dormi, só acordando com as primeiras luzes da manhã. Só me ergui para olhar ao redor, o dia estava fresco, naquele momento, meu corpo não parecia ter qualquer importância, minha boca estava seca e meu estomago vazio.

Novamente me veio a pergunta: – Tenho a alma de um escravo ou a alma de um homem livre?

Então percebi com clareza, que se eu tivesse a alma de um escravo, morreria ali mesmo, entregando-me ao deserto, um merecido fim, para um escravo fugido. Mas se tivesse a alma de um homem livre, certamente faria tudo para voltar para a Babilônia, pagaria aqueles que tinham confiado em mim, traria felicidade a minha esposa, que realmente me amava e paz de espirito aos meus familiares.

– Suas dívidas são seus inimigos, que o puseram a correr da Babilônia. – Lembrei-me do que Sira disse. Sim, é isso mesmo, porque me recusei a ficar no meu chão, como homem? Porque permiti que minha esposa voltasse para a casa do pai?

Então, uma coisa estranha aconteceu, o mundo pareceu de uma cor diferente, como se estivesse olhando para ele, através de uma pedra colorida. Va por fim, os verdadeiros valores da vida, morrer no deserto? Não eu. Com essa nova visão, dei-me conta das coisas que tinha de fazer: primeiro, voltaria para a Babilonia e enfrentaria, corajosamente, todos os meus credores, contaria a eles, que depois de anos de perambulações e infortúnios, estava de volta para pagar todas as minhas dividas. Depois, daria um verdadeiro lar para minha esposa, me tornaria um cidadão que traria orgulho aos pais.

Caminhei mesmo sem sentir os pés, não importava a fome ou a sede, minha alma livre fervia dentro de mim. “A alma de um homem livre, vê os problemas e luta para resolvê-los, mas a alma de um escravo, não se liberta da eterna lamuria”.

Quanto a você, Tarcade. Seu estomago vazio não lhe deixou a cabeça mais aguçada?  Está pronto para pegar a estrada que pode trazer de volta seu alto respeito? Já pode ver o mundo em sua verdadeira cor? Não deseja pagar suas dívidas, por maiores que sejam? E tornar-se um homem respeitado na Babilônia?

Os olhos do jovem, ficaram úmidos e se levantou resoluto: – Você me fez ver algo importante, já sinto vibrar em mim, a alma de um homem livre.

– Mas como se arranjou nos primeiros tempos de seu retorno? – perguntou um dos ouvintes.

– Me achava determinado a trilhar os caminhos corretos, primeiro visitei todos os homens a quem devia dinheiro, implorando para que pudessem esperar até que eu ganhasse suficiente para saudar meus débitos, a maioria aceitou de bom grado, vários me insultaram, mas outros, renovaram a oferta de ajuda. Um deles, Maton, um emprestador de dinheiro, ofereceu a ajuda de que precisava. Quando disse que havia sido um guardador de camelos na Síria, ele me enviou a Nebatur, um negociante de camelos, que acabava de ser escolhido por nosso bom rei, para comprar muitos rebanhos de camelos saudáveis para uma grande expedição. Assim, pus a disposição de Nebatur, todo o meu conhecimento sobre tais animais, paulatinamente, tornei-me capaz de pagar cada moeda de cobre e cada moeda de prata. Por fim, pude andar de cabeça erguida, sentindo-me um homem honrado, entre os honrados cidadãos dessa cidade.

Dabazir olhou para a comida e pediu para que servissem também a Tarcade, que estava faminto.

Assim terminou a história de Dabazir, o negociante de camelos da antiga Babilônia, que encontrou sua própria alma, quando entendeu uma grande verdade: “Onde há determinação, o caminho pode ser encontrado”.

 

Alfred trabalha no departamento de arqueologia e recebeu do professor Franklin, do departamento de expedição cientifica, cinco tabuinhas de argila, para realizar a tradução, em 1934.

Ele e a esposa, traduziram os textos e enviaram uma carta ao professor, com as traduções:

– Caro professor Franklin, recebemos sua encomenda e devo dizer que estamos surpresos, mesmo hoje, cinco mil anos depois, vejo muita sabedoria nessas palavras, o homem que as escreveu, Dabazir, um negociante de camelos da Babilonia, deixou relatado nessas tabuinhas, sua experiencia e como conseguiu saudar suas dividas e ao mesmo tempo acumular sua riqueza, com um plano, que seu amigo Maton o ensinou. Minha esposa e eu, decidimos seguir o plano, para testar sua eficácia.

1ª tabua: plano para sair das dívidas e adquirir riqueza: 1º devo guardar um decimo de tudo que ganhar, para o futuro, 2º usar apenas sete décimos do que ganhar para nosso sustento.

2ª tabua: dois décimos vão para saudar as dívidas.

3ª tabua: percebo a extensão da loucura de fugir dos meus problemas, por isso, procurei todos os meus credores e pedi para pagar aos poucos.

4ª tabua: lua cheia, ganhei 19 moedas e dividi conforme o plano: um decimo para guardar, sete décimos para o sustento e dois décimos para as dívidas. Meu coração está mais leve, como há muito tempo não experimentava. Outra lua cheia, ganhei 11 moedas e dessa vez, não comprei roupas e nem calçados, tivemos que restringir nossa alimentação, mas continuamos com o plano. Mais uma lua cheia e dessa vez fiz negócios lucrativos, ganhei 40 moedas, conseguimos comprar as coisas que estávamos necessitando. Já se passaram 3 luas cheias e tudo está melhorando, graças ao plano. Já economizei 20 moedas de prata e estou orgulhoso por voltar a andar entre meus amigos.

5ª tabua: 12 luas já se foram e hoje, paguei minha última parcela das dívidas. A maioria dos credores, agora me tem em alta estima e disseram que me respeitam.

Alfred escreveu outra carta, em 1936 e relatou que seguiram o plano de Dabazir, pois estavam com dívidas, desesperados e já sem esperanças. Não foi difícil seguir o plano, conseguimos saudar nossas dívidas e economizar ao mesmo tempo, tudo isso vivendo com setenta por cento de nossos ganhos e estamos determinados a nunca mais deixar nossos gastos ultrapassar o total de setenta por cento.

O HOMEM MAIS SORTUDO DA BABILONIA

 

Sha Runara, era o mais importante comerciante da Babilônia, estava inquieto á frente de sua caravana, pois trazia de Damasco, um jovem chamado, Hadan gula. Neto de um velho socio, Arab Gula. Sha Runara, queria ajudar o jovem, pois seu pai estava arruinando sua fortuna e ele queria ensinar algo para o jovem.

– Porque vive a frente de sua caravana, trabalhando? Não encontra tempo para gozar a vida? – perguntou o jovem.

– O que faria para gozar a vida, se estivesse em meu lugar? – Sha perguntou.

– Eu viveria como um príncipe, nunca montaria um animal para cruzar o tórrido deserto, gastaria o ouro tão rapidamente, quanto viesse para minha bolsa, usaria as túnicas mais caras e as joias mais raras, seria uma vida ao meu gosto, algo que realmente valeria a pena.

– Seu avo não usava joias. – disse Sha, pensativo. – Não reservaria tempo algum para trabalhar? – perguntou brincando.

– Trabalho foi feito para escravos. – respondeu o jovem.

Sha não respondeu, seguiu em silencio até chegar a um declive. – Veja, aí está o vale, olhe mais a diante, vera as muralhas da Babilônia. A torre é o templo de Bel, se tiver olhos de lince, vera o fogo que sobe em seu topo.

– Sempre quis conhecer a cidade mais rica do mundo. – comentou o jovem. – A Babilônia é onde meu avô começou sua fortuna. Quem dera ele ainda estivesse vivo.

– Você e seu pai podem muito bem prosseguir as coisas boas que ele fez.

– Ai de mim. – disse o jovem. – Nenhum de nós possui os talentos de meu avô. Não conhecemos seu segredo para atrair ouro.

Sha não disse nada e prosseguiu. Encontrou três homens arando a terra, antes de chegar a cidade. Quarenta anos atras tinha inveja desses homens. Ele apontou para os três e disse: – Continuam arando essa terra, mesmo após quarenta anos.

– Mas porque acha que são os mesmos homens? – perguntou o jovem.

– Porque me lembro deles. – Ele respondeu e deixou as lembranças invadirem sua mente.

De repente veio a sua cabeça um plano para ajudar o jovem: – Gostaria de saber como seu avô e eu formamos uma sociedade lucrativa?

– Por que não me conta só como conseguiu o ouro? – disse o jovem. – É tudo que preciso saber.

– Vamos começar por esses homens que vimos arando a terra, tinha sua idade, quando a coluna em que me encontrava se aproximou, o velho e bom Megido, o fazendeiro zombou da maneira desajeitada que eles usavam os instrumentos. Megido estava acorrentado junto a mim: – Olhe para esses companheiros preguiçosos. Que maneja arado, não faz o menor esforço para abrir os sucos profundos, nem os batedores conseguem manter os bois na linha certa, como podem esperar uma boa colheita, arando assim?

– Disse que ele estava acorrentado a você? – perguntou o jovem, surpreso.

– Sim, com argolas de bronze em volta do pescoço e uma pesada corrente entre nós, á seu lado, achava-se Zabado, um ladrão de ovelhas, no final vinha um homem a quem chamávamos de Pirata, pois não nos disse seu nome, pensamos ser um marujo, pois trazia em seu peito uma tatuagem à moda do mar. A coluna era assim constituida, para que andássemos de quatro em quatro.

– Você estava acorrentado como um escravo? – perguntou o jovem sem acreditar.

– Seu avo nunca disse que fui escravo?

– Ele sempre falou sobre você, mas nunca insinuou nada a esse respeito. Que era um homem a quem se podia confiar os mais íntimos segredos, creio que também poderei confiar em você, não é mesmo? – Você pode contar com meu silencio, mas estou perplexo, conte-me como chegou a ser escravo?

– Qualquer homem pode acordar de manhã, como um escravo. Foi uma casa de jogo e o excesso de bebida que me trouxeram tal desgraça. Fui vítima das imprudências de meu irmão, numa briga ele matou seu amigo de copo, meu pai me entregou a viúva, desesperado para proteger meu irmão contra o braço da lei, como depois ele não tivesse conseguido dinheiro suficiente para libertar-me, a mulher raivosa, me vendeu para um mercador de escravos.

– Que vergonha e injustiça. – Protestou o jovem. – Mas diga-me, como conseguiu a liberdade?

–  Calma, ouça primeiro a história:

Quando passamos esses homens que estavam trabalhando a terra, zombaram de nós, um deles tirou o chapéu rasgado da cabeça e quase gritou: – Bem-vindos á Babilônia, hospedes do rei, ele os espera nas muralhas da cidade, onde o banquete é farto.

E todos eles riram, Pirata ficou bravo, os outros também, conversamos sobre como eles nos fariam trabalhar pesado nas muralhas e isso me aterrorizou, ao cair da noite, esperei o primeiro a ficar de vigia e perguntei se nos colocariam para trabalhar nas muralhas da Babilônia, quando ele perguntou porque eu queria saber disso, eu disse que era jovem e queria viver, não queria trabalhar e ser espancado ate a morte nas muralhas, perguntei se tinha alguma chance de encontrar um bom amo e ele disse que quando os compradores aparecessem, era para dizer-lhes que era um bom trabalhador e que gostava de trabalhar muito para um bom amo, que era para fazer com que eles quisessem me comprar, do contrário, já no outro dia estaria carregando tijolos dando duro.

Deitei-me na areia quente e me pus a pensar, quando Megido acordou, contei-lhe tudo, era nossa única esperança. No final da tarde chegamos à muralha, vimos os escravos subindo e descendo, ficamos impressionados com o trabalho dos homens, todos estavam trabalhando muito e os inspetores gritavam com os retardatários e desciam os chicotes nas costas daqueles que não conseguiam ficar em linha. Víamos os pobres companheiros esgotados, bambearem até cair sobre seus cestos de tijolos e incapazes de retornar ao trabalho. Vi vários corpos largados ao lado, esperando uma sepultura.

Me tremi da cabeça aos pés, ficamos na prisão e na manhã seguinte, fomos conduzidos a praça da cidade. Ali, o resto dos homens estavam petrificados de medo, e só o chicote do nosso guarda pode fazê-los voltar a andar para serem examinados pelos compradores. Megido e eu, falávamos avidamente com qualquer homem que nos permitam falar, um negociante de escravos, chamou soldados da guarda real, que algemaram Pirata e brutalmente o açoitaram, quando ele protestou. Assim que o carregaram dali, senti uma grande pena dele, Megido percebeu que logo seriamos separados, quando nenhum comprador se encontrava por perto, ele me falava com veemência para deixar marcado em minha mente como o trabalho seria valioso para mim no futuro: – alguns homens o odeiam, tratam-no com inimigo, é melhor trata-lo como amigo, aprender a gostar dele, não se preocupe que seja árduo. Se pensar nisso como uma casa que constrói, quem se importa que as vigas sejam pesadas ou que o lugar que se pega água seja distante? Prometa-me rapaz, que se tiver um amo, vai trabalhar para ele arduamente, se ele não apreciar, não se preocupe, lembre-se: “o trabalho bem feito, traz satisfação a quem quer que o tenha realizado e trona o homem melhor”.

Quando um fazendeiro se aproximou, Megido se calou. O homem nos examinou e Megido o interrogou, quanto a sua fazenda e colheitas, logo convencendo o homem de que seria de grande utilidade para ele, depois de uma violenta negociação com o vendedor dos escravos, Megido seguia seu novo amo, saindo de minha visão.  Outros homens foram vendidos pela manhã e no almoço o guarda me confidenciou que o vendedor estava nervoso e que não ficaria ali, mais uma noite. Antes, transferiria todos que restaram, ao comprador do rei. Eu estava desesperado, quando um homem gordo de aparência afável, aproximou-se e perguntou se havia ali, algum padeiro. Cheguei perto dele e perguntei: – Porque deveria um bom padeiro como você, procurar outro padeiro, com talentos inferiores? Não seria mais fácil ensinar a um homem decidido como eu, os seus preciosos talentos? Olha para mim, sou jovem, forte e amante do trabalho, dê-me uma chance e farei o impossível para ganhar ouro e prata para o seu bolso.

Ele ficou impressionado com minha boa disposição e começou a negociar com o vendedor, que não tinha reparado em mim desde que me comprara, mas que agora gabava quando conheceu minhas habilidades, saúde e boa constituição. Para minha alegria o negócio foi fechado e eu sai dali achando que era o homem de mais sorte da Babilonia. O novo lar era muito a meu gosto, Nanaide, meu amo, ensinou-me tudo. Com o passar do tempo, estava dominando a arte de ser padeiro, acabava tudo na hora do almoço e me sobrava a parte da tarde livre. Então pedi a meu amo, que me deixasse vender seus bolinhos de mel a homens famintos do centro da cidade, e ele me dava uma parte dos lucros. Ele se animou com a ideia e disse: – Você venderá cada dois bolinhos por uma moeda de cobre, metade das moedas ficará comigo para pagar pelos ingredientes e o que sobrar, dividiremos meio a meio.

Fiquei muito feliz com sua generosidade, fiz uma bandeja para empilhar os bolinhos, Nanaide me deu uma de suas túnicas usadas para me mostrar apresentável. No dia seguinte, assei os bolinhos e fui para a cidade após o almoço. No começo ninguém comprou nenhum deles, mas no final da tarde, quando começaram a ficar esfomeados, os bolinhos foram saindo rapidamente. Meu amo ficou feliz com o sucesso das vendas e ficou feliz em me dar minha parte, Megido tinha razão ao dizer que o amo apreciava um bom trabalho de seus escravos.

Como saia todos os dias para vender os bolinhos, logo arrumei fregueses certos, um deles, era seu avô, ele era comerciante de tapetes e vendia para donas de casa, indo de uma ponta a outra da cidade acompanhado por um burro abarrotado de tapetes e um escravo para desdobrá-los, levava dois bolinhos para ele e dois para seu escravo. Sempre se detendo para conversar comigo enquanto os comia e um dia me disse uma coisa que nunca mais esquecerei: – Gosto dos seus bolinhos, meu jovem, mas muito mais da maneira refinada que você os oferece, esse espírito de iniciativa pode levá-lo longe na estrada do sucesso.

A medida que os meses passavam, eu ia economizando cada vez mais meus trocados, meu saco preso ao cinto, ia começando a ganhar peso, o trabalho estava provando ser meu melhor amigo, exatamente como Megido disse. Mas a empregada de meu amo estava preocupada, pois ele estava desperdiçando muito tempo nas mesas de jogo.

Quando encontrei Megido nas ruas da cidade, não contive minha felicidade. Ele disse que o amo apreciava tanto o trabalho dele, que acabou virando capataz e ele confa muito em mim.

O tempo foi passando e Nanaide tornou-se cada vez mais ansioso pelo meu retorno, após a venda dos bolinhos, ele contava avidamente e dividia as moedas. Chegou a pedir para que visitasse praças mais distantes e aumentasse as vendas, frequentemente eu ia além dos portões da cidade para atender os inspetores de escravos que construíam as muralhas, odiava ver os escravos nas muralhas. Um dia, me surpreendi quando vi Zabab, trabalhando nas muralhas, ele estava pálido e quebrado, as costas cobertas com marcas e lenhaduras devido ao xicote dos inspetores, tive pena dele e estendi-lhe um bolinho, que ele devorou avidamente, como um animal ferido e quando vi seu olhar faminto, corri antes que me arrebatasse a bandeja.

Um dia seu avô me perguntou, porque trabalha tão avidamente. E contei-lhe o que Megido disse sobre o trabalho e como esse estava sendo meu melhor amigo, mostrei-lhe com orgulho meu saco cheio de moedas, acrescentando que estava economizando para comprar minha liberdade. Então ele quis saber o que faria quando fosse livre e eu respondi que pretendia me tornar um comerciante. Foi aí que ele me confidenciou uma coisa que eu nunca tinha suspeitado, que ele também era um escravo e que tinha uma sociedade com o amo dele.

– Pare. Não ouvirei mentiras sobre meu avô. – disse o jovem. – Ele não foi escravo. – Seus olhos soltavam faíscas de raiva.

– Respeito seu avo por ter superado um infortúnio, tornando-se um cidadão proeminente em Damasco. – Sha disse calmamente. – Acha que você, seu neto é feito do mesmo molde? É homem suficiente para encarar a verdade ou prefere viver alimentando falsas ilusões?

– Meu avo foi estimado por todos. – disse o jovem, com a voz emocionada. – Seus dons eram incontestáveis, numa época de fome, foi seu ouro que comprou cereais no Egito, foi sua caravana que os trouxe para Damasco, distribuindo-os para que as pessoas não morressem de fome, agora você está me dizendo que ele não passou de um desprezível escravo da Babilônia?

– Se tivesse permanecido como escravo na Babilônia, teria muito bem ter sido desprezível, quando, porém, através de seus próprios esforços, tornou-se um grande homem em Damasco. Os deuses realmente condoeram-se de seus infortúnios e deram-lhe todo o respeito celeste.

Depois que me contou que era um escravo, explicou com estava ansioso para comprar sua liberdade e que já tinha o dinheiro pra compra-la e estava muito confuso, quanto ao que devia fazer. Já a algum tempo, não fazia boas vendas e não queria deixar a proteção de seu amo, condenei sua decisão, para que não ficasse grudado a seu amo por muito tempo, disse para ele experimentar novamente a sensação de ser um homem livre, para ele agir e tomar decisões como um homem livre e o trabalho o ajudará a fazê-lo, ele disse que estava contente por eu ter censurado sua covardia.

Um dia fui novamente além dos portões da cidade e fiquei surpreso ao encontrar a multidão compacta lá reunida. Perguntei o que tinha acontecido e um homem disse que um escravo havia fugido que matou um dos guardas do rei, ainda naquele dia seria açoitado até a morte, o próprio rei virá para o julgamento.

Não fiquei no meio da multidão, subi em um canto da muralha, que estava em obras e tive uma visão privilegiada do próprio Nabucodonosor, conduzindo seu carro de ouro, nunca tinha contemplado tanta grandeza, túnicas tão magnificas, não vi o castigo, mas ouvia os gritos altos do escravo, quando vi que o rei estava rindo e brincando, percebi que ele era cruel e compreendi, porque tarefas tão desumanas eram exigidas dos escravos que construíam as muralhas, depois que o escravo morreu, seu corpo foi preso a um poste de madeira, por uma corda ligada a um de seus pés, para que todos pudessem ver, quando a multidão dissipou, cheguei mais perto e reconheci a tatuagem no peito do escravo morto, era Pirata.

Quando encontrei seu avô novamente, era estava mudado, estava animado e livre, as vendas e os lucros dele haviam crescido, a esposa dele estava contente, ela era sobrinha do amo dele e queria mudar para uma cidade onde ninguém soubesse que ele tinha sido um escravo, para que os filhos estivessem livres da censura devido ao infortúnio do pai.

Uma noite, a empregada veio me procurar, pois o amo estava com problemas, disse que já a alguns meses ele estava perdendo grandes somas na mesa de jogo, não estava pagando o fazendeiro pelos cereais e nem pelo mel, não pagava o emprestador de dinheiro, estava sendo ameaçado. Quando eu disse que não era para nos preocupar pois não éramos responsáveis pelo amo, ela disse: – Jovem desmiolado, não entende, ele deu ao emprestador de dinheiro, seu titulo da propriedade, segundo a lei, o homem pode reclama-lo e vende-lo.

Não sabia o que fazer, ele era um bom amo e não sabia porque tais coisas aconteciam com ele, na manhã seguinte, enquanto eu assava o pão, o emprestador de dinheiro voltou, junto com um homem chamado Sazi, esse homem me examinou e disse que eu servia, o emprestador de dinheiro não quis esperar o retorno de meu amo e incumbiu a empregada de dizer-lhe que tinha me levado. Sem levar comigo minha túnica e meu saco de dinheiro, que estava preso a ela. Apressaram-me para deixar o local, fui arrancado das minhas esperanças, assim como o furacão arranca as arvores pelas raízes.

Sazi era um homem rude e grosseiro, quando cruzava a cidade, falei-lhe dos bons serviços que tinha prestado a Nanaide e disse que ele poderia esperar o mesmo. Sua resposta foi totalmente desencorajadora.

– Não gosto desse trabalho, meu amo não gosta desse trabalho. O rei determinou que ele cuidasse de uma seção da construção do grande canal, o amo lhe pediu para comprar mais escravos para trabalhar arduamente e acabasse rápido com a obra. Como pode algum homem acabar rapidamente, com uma obra como aquela?

Imagine o deserto sem arvore alguma, apenas pequenos arbustos e o sol queimando com tanta força que a água destinada a beber, já não prestava de tão quente. Imagine fila de homens descendo os buracos escavados e dali trazendo grandes cestos de areia fofa, através de caminhos poeirentos, de manhã até a noite. Imagine a comida servida em gamelas, onde todos comiam juntos, como porcos, sem tendas, nem palhas para as camas, era nessa situação que eu estava.

Enterrei meu alforje num lugar marcado, sem esperança de que no futuro viria a desenterra-lo, nos primeiros tempos, trabalhei com boa vontade e à medida que os meses se arrastavam, senti meu animo fraquejar, então a febre tomou conta do meu corpo exausto, perdi o apetite e mal podia levar a boca, os pedaços de comida. A noite tive insônia, em minha desgraça, perguntava-me se o plano de abado não era melhor, fazer corpo mole para não condenar o próprio corpo ao esmorecimento. Depois lembrei-me da ultima visão que tive dele e me convenci que ele estava errado.

Meus pensamentos voltaram para Pirata e toda sua amargura, e me perguntei se também podia ser justo brigar e matar, a recordação de seu corpo ensanguentado me mostrou que seu plano não tinha a menor serventia. Lembrei-me então da ultima vez que vi Megido, suas mãos estavam com calos imensos, devido ao trabalho árduo, mas seu coração era leve e havia contentamento em seu rosto, seu plano era o melhor, mas eu tinha tanta disposição para o trabalho quanto Megido, ele não podia ter trabalhado tão duro quanto eu, porque meu trabalho não me trouxe felicidade e sucesso? Era o trabalho que trazia felicidade a Megido, ou isso acontecia por causa da interferência dos deuses, estaria escrito que eu deveria trabalhar a vida inteira, sem a satisfação dos meus desejos, sem felicidade ou sucesso?

Varios dias depois, quando já estava no limite de minha resistência, ainda sem respostas para as inúmeras perguntas em minha cabeça, Sazi me procurou, u mensageiro veio em nome de meu mestre, para buscar-me e levar de volta para a Babilonia. Desenterrei meu precioso alforje, enrolei-me nos restos de minha túnica e segui caminho. À medida que seguíamos, minha cabeça foi inundada por imagens de meu corpo sendo jogado de um lado para o outro em um furacao. Lembrei de uma canção de minha cidade natal: – Atacando um homem, como um redemoinho, conduzindo-o como uma tempestade, cujo o curso ninguém pode seguir, cujo o destino ninguém pode prever.

Estava destinado a ser sempre punido em razão de algo que desconhecia? Que novas desgraças e decepções me aguardavam?

Quando entramos no pátio da casa de meu mestre, imagine minha surpresa, quando vi seu avô me esperando. Ele me abraçou como um irmão a muito desaparecido, quando seguimos para dentro da casa, quis ir atras dele como escravo, mas ele não me permitiu fazê-lo. Passou o braço pelo meu ombro e disse:

– Procurei-o por toda parte, quando já me dava por vencido, encontrei a empregada que me falou sobre o emprestador de dinheiro, ela me conduziu ao seu nobre amo, as negociações foram difíceis por causa dele, que ainda me fez pagar um preço exorbitante, mas você merecia todos os esforços. Sua filosofia e iniciativa, foram uma inspiração para esse sucesso.

– A filosofia de Megido, não minha. – Respondi.

– De Megido e sua, graças a ambos, estou indo a Damasco e preciso de você como meu socio, em um momento, você será um homem livre.

Dizendo isso, ele retirou de sua túnica a tabuinha de argila onde estava gravada meu titulo de propriedade, levantou-a sobre a cabeça e arremessou-a com toda força ao chão e com satisfação esmagou com os pés, os fragmentos até que virassem pó.

Chorei de gratidão, eu sabia que era o homem de mais sorte da Babilônia, o trabalho no tempo de minhas desgraças provou-se meu melhor amigo, minha disposição para o serviço, capacitou-me a escapar para ser vendido e participar de turmas de escravos das muralhas, isso também impressionou seu avô que me escolheu como seu socio.

– O trabalho é a chave do meu avô, para seus ciclos de ouro? – perguntou o jovem.

– Era a única chave que ele possuía, quando o conheci. Seu avô adorava o trabalho, os deuses apreciaram seus esforços e o recompensaram com a liberdade.

– Começo a ver. – disse o jovem pensativo. – O trabalho atraiu seus amigos, que admiraram sua diligencia e o sucesso que isso trouxe, o trabalho trouxe-lhe o respeito de que tanto gozou em Damasco, o trabalho trouxe-lhe todas essas coisas que aprovei. E eu que achei que o trabalho somente convinha a escravos. A vida é repleta de prazeres que os homens podem gozar.

– Cada um deles tem o seu lugar, fico contente que o meu não esteja restrito a escravo, fosse assim, eu me veria privado do meu maior prazer.

Eles prosseguiram até os portões da Babilônia, os guardas saudaram o honrado cidadão, Sha passou com sua grande caravana pelos portões.

– Sempre quis me tornar um homem como meu avô. – Confessou o jovem. – Nunca tinha percebido o tipo de homem que ele foi, você me mostrou isso, agora que compreendo, o admiro ainda mais e estou mais determinado a ser como ele, nunca poderei pagar por ter me dado a verdadeira chave do sucesso dele, daqui por diante, usarei essa chave, quero começar d maneira humilde, como ele. Que convém a minha verdadeira posição muito mais que joias e roupas finas. – O jovem arrancou as joias que estava usando, ficou um pouco para trás, demonstrando respeito, estando atras do líder da caravana.

 

A Babilonia é um grande exemplo de que o homem é capaz de fazer, com grandes objetivos, utilizando que tem a sua disposição. Todos os recursos que sustentavam a cidade, foram desenvolvidos pelo homem, suas riquezas foram por ele desenvolvidas. A babilônia possuía apenas dois recursos naturais, um solo fértil e a água do rio, os engenheiros da Babilônia desviaram a água do rio por meio de represas e imensos canais de irrigação, cruzando grandes distancias através do vale árido. Isso se coloca como uma das primeiras façanhas da engenharia. Eram canais tão largos que uma dúzia de cavalos poderia correr lado a lado por eles. Além desse, os engenheiros estavam trabalhando em outro projeto, um sistema de drenagem que recuperou para cultivo, uma imensa área pantanosa, perto dos rios Tigre e Eufrates.

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